
Introdução
A hipertensão arterial — também conhecida como pressão alta — é uma doença crónica caracterizada pela elevação persistente da pressão do sangue nas artérias.
É uma das condições mais comuns e silenciosas na população adulta e um dos principais fatores de risco para doenças cardiovasculares, AVC, insuficiência renal e complicações metabólicas.
Embora o tratamento medicamentoso seja muitas vezes necessário, a alimentação e o estilo de vida desempenham um papel essencial na prevenção e controlo da hipertensão.
Neste artigo, vamos compreender o que é a hipertensão, os seus fatores de risco e como a Nutricionista pode ajudar a controlá-la através da alimentação — com destaque para a dieta DASH, uma das abordagens mais eficazes e cientificamente comprovadas.
O que é a hipertensão arterial
A pressão arterial é a força exercida pelo sangue contra as paredes das artérias.
Ela é expressa por dois valores:
- Pressão sistólica (quando o coração se contrai), e
- Pressão diastólica (quando o coração relaxa entre os batimentos).
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), considera-se hipertensão quando a pressão arterial é igual ou superior a 140/90 mmHg em medições repetidas.
A hipertensão pode ser:
- Primária (essencial): quando não há causa específica identificável, geralmente associada a fatores genéticos, idade e estilo de vida.
- Secundária: quando é consequência de outras condições, como doenças renais, endócrinas ou uso de certos medicamentos.
Fatores de risco
Vários fatores aumentam o risco de desenvolver hipertensão arterial:
- Excesso de peso corporal e gordura abdominal.
- Alimentação rica em sal, gorduras saturadas e ultraprocessados.
- Baixo consumo de frutas, legumes e alimentos ricos em potássio e magnésio.
- Sedentarismo.
- Stress crónico e sono insuficiente.
- Consumo excessivo de álcool e tabaco.
- Fatores genéticos e idade avançada.
O controlo desses fatores é essencial tanto na prevenção como no tratamento.
Tratamento medicamentoso
O tratamento medicamentoso deve ser indicado pelo médico, de acordo com o grau da hipertensão e o risco cardiovascular global.
Entre as classes de medicamentos mais utilizadas estão:
- Diuréticos: ajudam a eliminar o excesso de sódio e água.
- Inibidores da ECA e bloqueadores dos recetores da angiotensina II: atuam na regulação hormonal da pressão.
- Betabloqueadores: reduzem a frequência cardíaca e a força de contração.
- Bloqueadores dos canais de cálcio: ajudam na dilatação dos vasos sanguíneos.
Contudo, o sucesso do tratamento depende fortemente de mudanças no estilo de vida e na alimentação, que são a base para o controlo da pressão arterial.
A abordagem nutricional na hipertensão
A alimentação é uma das ferramentas mais poderosas para reduzir a pressão arterial e o risco cardiovascular.
O foco deve ser em reduzir o consumo de sódio, equilibrar a ingestão de micronutrientes e adotar padrões alimentares ricos em alimentos naturais e minimamente processados.
As principais estratégias incluem:
- Reduzir o sal de mesa e evitar alimentos ultraprocessados ricos em sódio (enchidos, molhos, snacks, refeições prontas).
- Aumentar o consumo de potássio, magnésio e cálcio, encontrados em frutas, vegetais, leguminosas, frutos secos e laticínios magros.
- Evitar o excesso de álcool e cafeína.
- Controlar o peso corporal e manter um índice de massa corporal adequado.
- Aumentar o consumo de água e praticar atividade física regular.
A dieta DASH: uma das estratégias mais eficazes
A dieta DASH (Dietary Approaches to Stop Hypertension) é uma das abordagens nutricionais mais estudadas e eficazes no controlo da hipertensão.
Desenvolvida inicialmente pelo National Heart, Lung, and Blood Institute (EUA), esta dieta mostrou reduzir significativamente a pressão arterial em poucas semanas.
Os princípios da dieta DASH:
- Alta ingestão de frutas, legumes e verduras (ricos em potássio e magnésio).
- Consumo moderado de laticínios magros (fonte de cálcio).
- Predomínio de cereais integrais, leguminosas, peixes e aves.
- Redução do sal, carnes vermelhas, doces e bebidas açucaradas.
- Aumento da ingestão de fibras e antioxidantes.
A dieta DASH, combinada com a prática regular de exercício físico e o controlo do peso, contribui para reduções significativas na pressão arterial sistólica e diastólica.
Outros aspetos relevantes
Além da dieta DASH, outras medidas complementares são importantes no controlo da hipertensão:
- Sono de qualidade: noites mal dormidas aumentam os níveis de cortisol e adrenalina, elevando a pressão arterial.
- Gestão do stress: técnicas de relaxamento, respiração e meditação auxiliam na regulação da pressão.
- Cessação tabágica: o tabaco causa vasoconstrição e aumenta o risco de complicações cardiovasculares.
- Acompanhamento contínuo: a monitorização regular da pressão e o seguimento com médico e Nutricionista são fundamentais para ajustar o tratamento e garantir o controlo da doença.
Conclusão
A hipertensão arterial é uma condição silenciosa, mas de grande impacto na saúde.
O tratamento eficaz requer uma abordagem integrada, que combine medicação, mudanças de estilo de vida e acompanhamento nutricional individualizado.
A Nutricionista tem papel essencial neste processo — orientando na escolha de alimentos, aplicando estratégias da dieta DASH, ajustando a ingestão de micronutrientes e educando o paciente para uma alimentação equilibrada e preventiva.
Cuidar da alimentação é cuidar da pressão, do coração e da longevidade.



